sexta-feira, 31 de maio de 2013

Mulheres contam como é ser 'mãe' de animais de estimação

"É amor de mãe para filho", diz dona de casa de Uberaba, MG.
Psicóloga orienta sobre os limites desta relação.

Psicóloga diz que compra roupas, sapatos e comemora datas especiais com os animais de estimação (Foto: Sílvia Regina/Arquivo Pessoal)

Ter um animal de estimação pode ser, para muitas mulheres, o mesmo que ter um filho. Seja gato, cachorro ou coelho, o amor relatado por elas é imenso. A dona de casa de Uberaba, Nerci Aparecida Salomão, por exemplo, se considera uma mãe de verdade. Amasiada há 34 anos, nunca engravidou, mas contou que teve uma cadelinha pinscher zero chamada Sandy a qual sempre tratou como se fosse um bebê. "Ela tinha berço, cobertor, brinquedos e dormia no meu quarto", contou.
Nerci Aparecida disse que ganhou Sandy de um amigo e que aos seis meses de vida descobriu que a cadelinha era hermafrodita e que passou momentos difíceis com ela. "Eu ganhei a Sandy quando ela tinha 40 dias de vida. Aí um dia ela começou a urinar sangue e resolvi levá-la a uma clínica veterinária. A médica então me informou que ela não era nem ‘mocinho’ nem ‘mocinha’. Foi então que ela precisou passar por uma cirurgia e não podia ter filhotes. Fiquei muito triste, ainda mais que ela não poderia ter filhotes. Ainda sim sempre a tratei como minha menina. Ela tinha berço, dormia no meu quarto", disse. 
Para a dona de casa, os cães são como os humanos: tem amor, fazem companhia, mas infelizmente, ficam doentes. “Eu depositei todo meu amor de mãe na minha cachorrinha. Era amor de mãe para filho. Sempre gostei dela, independente de ela ser doentinha. A Sandy deu cálculo renal, tirou pedra nos rins e assim como eu, ela ficou diabética. E infelizmente ela não resistiu. Foi e é uma dor muito grande. A gente sofre muito quando perde”, desabafou. Depois da morte do bichinho de estimação, Nerci disse que não pretende ter outro cachorro. "Dói muito perder", concluiu.
Bichos para todo lado
Mel, Bunny, Cacau, Magali, Tina Turner, Jackie Tequila, Barbie, Christian Grey, Lilica e Turtle: três cachorros, quatro gatos, um coelho de bolso e uma tartaruga. Todos são de Sílvia Regina Mendes de Sousa, que é psicóloga e dona de um petshop em Uberaba. “Minha casa parece um zoológico, mas amo os animais e o que eu quero é dar amor, cuidar e ensinar”, disse.

Apesar de tantos bichinhos de estimação, a psicóloga afirmou que nennhum deles substitui a gestão de um filho, contudo, admite que de alguma forma eles complementam a vida enquanto ainda não é mãe. “Eu amo meus bichinhos e cuido deles com estima. Sei que nada substitui uma gestação de nove meses e eu ainda pretendo ter filhos, mas enquanto isso trato todos que peguei na rua ou ganhei com muito amor e carinho”, comentou.

Sílvia Regina disse que gosta de usar o que tem disponível no mercado e oferecer o máximo que pode aos bichinhos dela. De acordo com ela, eles têm roupas, sapatos, brinquedos de pelúcia, são castrados e alimentados com ração especial. "Inclusive, em dias de datas comemorativas, como a Páscoa, por exemplo, visto todos à caráter e eles até ganham ovo”, acrescentou. E tudo isso tem um gasto, que gira em torno de R$6 mil por mês.
Para psicóloga 
Para a psicóloga e professora universitária Janete Tranquila Gracioli, muitas mulheres escolhem não ter filhos porque querem seguir modelos de países de primeiro mundo, e também por falta do instinto maternal. “Eu acredito que as mulheres que fazem isso não se arrependem porque geralmente é uma escolha muito bem decidida. Contudo, aos olhos da sociedade, muitas vezes elas podem ser discriminadas e cobradas por terem um animalzinho ao invés de uma criança”, argumentou.

Segundo Janete, em alguns casos os animais de estimação tem sido ‘promovidos’ a filhos porque há uma projeção das expectativas, desejos e vontades do dono, que se torna um mecanismo de defesa do ego. “Muitas vezes não há bom senso nisso. As pessoas começam a tratar o bicho como filho e não colocam limites nem no animal e nem em si mesmas. Elas têm que deixar com que eles criem sua própria identidade”, explicou.
Ainda conforme a psicóloga, o que pode ser preocupante é caso esta projeção faça com que a pessoa não saiba diferenciar a importância do animal de estimação da importância dos seres humanos. “Algumas pessoas cuidam demais dos bichinhos e se privam do convívio em sociedade. Ter a companhia deles é positivo e traz benefícios, porém em hipótese alguma esta companhia deve substituir outras pessoas”, ressaltou.
Fonte - G1

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