O passeio é um dos momentos em que os tutores têm mais problemas com seus cães. Às vezes, por falta de socialização adequada; outras, por hábitos equivocados durante e até antes dos passeios. Mas um fator que dificulta muito é a falta de controle sobre o ambiente externo.
Em casa, há menos estímulos e mais previsibilidade sobre o que acontece com pessoas ou animais com quem eles convivem. Na rua, há muitos sons, cheiros, pessoas e animais que não conseguimos controlar. Por isso, é essencial que o cão não saia para o passeio muito eufórico e ansioso. Quanto mais ansiedade e euforia, menos autocontrole ele vai ter.
A primeira dica é nunca fazer uma super festa na hora de pegar a coleira. Se seu bichinho já fica pulando, latindo, correndo só de ver a coleira, comece a pegá-la mais vezes durante o dia, sem que o passeio aconteça. E só a coloque no cão quando ele estiver calmo. Se ficar descontrolado, guarde a coleira.
Pegue um petisco que seu cão goste muito e leve sempre no passeio. Com tantos estímulos da rua, um petisco será um atrativo para seu amigo peludo focar mais em você. Também vamos usar o petisco para recompensar quando ele tiver um bom comportamento. Ou seja, no caso dos cães que puxam, precisamos recompensar sempre que ele estiver andando ao nosso lado, sem tensionar a guia. Se puxar, você pode mudar totalmente de direção, para que ele seja surpreendido e seja frustrado por ter puxado a guia. Evite puxar a guia só porque apareceu um cão ou pessoa. Muitas pessoas fazem isso e acabam associando o encontro na rua com uma correção na guia, que é algo desagradável.
No caso dos latidos para pessoas e outros cães, mantenha uma boa distância do local onde eles estão passando – por exemplo, dentro do prédio, a alguns metros da grade para a rua ou em um banco afastado em uma praça. Sempre que ele olhar para o alvo do latido, antes dele latir, você deve usar uma palavra curta e rápida, como “Isso!”, para indicar que ele acertou em não latir e recompensar com o petisco. À medida que seu cão for demonstrando maior tolerância às pessoas e aos outros cães, você pode ir diminuindo a distância entre eles gradativamente. Muito cuidado se seu cão reage atacando outros cães e pessoas. É preciso garantir a segurança de todos com uma focinheira, por exemplo. Para dar mais segurança no começo, você pode passear apenas em horários com menor circulação de pessoas e animais.
No caso de um cão com medo de tudo na rua, só o petisco pode não ser suficiente. É preciso respeitar os limites do seu cão, não forçando um passeio não desejado. Temos que fazer associações positivas em todo o processo até o passeio. Colocar a coleira, sair de casa, pegar o elevador, chegar à porta para a rua, sair, andar até o prédio ao lado, até a esquina etc. Tudo tem que se tornar agradável, gostoso e/ou divertido para o cão.
Você pode usar brinquedos ou brincadeiras, encontrar pessoas ou outros cães que seu bichinho goste muito e até dar as refeições nesses locais. Se o medo for muito forte, vale a pena consultar o veterinário, para verificar se há algo que ele possa receitar para ajudar nesse processo.
Lembre-se de que todo o condicionamento requer consistência e repetição. Portanto, não desistam e fiquem atentos aos mínimos avanços dos seus cães. Caso tenham dificuldade, contem com a ajuda de um especialista em comportamento animal que use o reforço positivo como base.
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