Donos de cães podem estar próximos de uma importante vitória na luta contra a leishmaniose visceral canina. Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estuda uma proteína que pode ser a base de uma futura vacina preventiva contra a doença. O trabalho, uma dissertação de mestrado conduzida pela agora doutoranda Vivian Tamietti Martins, foi o grande vencedor do Prêmio Jovem Pesquisador 2015.
“Queremos desenvolver uma vacina comercialmente disponível para ser administrada em cães, a fim de preveni-los contra a leishmaniose visceral canina. Também pretendemos disponibilizar um kit de sorodiagnóstico laboratorial para a detecção precoce e eficaz da doença, a fim de que medidas de controle sejam mais efetivas”, explicou Vivian.
A jovem cientista fez parte de um grupo que iniciou pesquisas em busca de proteínas inéditas do parasito Leishmania. O estudo teve como base a proteína LiHyp1, identificada pelo grupo de Vivian e ainda considerada como “hipotética” – ou seja, cuja sequência de aminoácidos é descrita no genoma deLeishmania, mas que ainda não apresenta função biológica conhecida.
A partir de técnicas de biologia molecular, a proteína foi clonada e avaliada por meio do teste de ELISA, que permite a detecção de anticorpos específicos presentes em soros de cães com leishmaniose visceral, diferenciando-os de outros grupos experimentais. “A proteína LiHyp1 recombinante foi também avaliada como vacina em camundongos, visando à verificação de seu efeito protetor contra a doença”, disse Vivian.
Os resultados mostraram a eficácia protetiva da proteína contra a infecção pelo parasita nos testes em camundongos BALB/c – conhecido como modelo murino, bem como sua capacidade em identificar e diferenciar animais com leishmaniose visceral por meio de análises sorológicas.
Se houver conclusões positivas nos estudos, esta pode ser uma mudança de paradigma do tratamento da doença em cães. A prevenção e a detecção precoce da enfermidade podem contribuir para reduzir drasticamente o número de casos de leishmaniose visceral canina e humana. A enfermidade é grave e afeta aproximadamente 400 mil pessoas em todo o mundo, podendo levar a 20 mil óbitos por ano.
Atualmente, além de métodos preventivos como coleiras, apenas medicamentos para uso humano são utilizados no combate à leishmaniose visceral canina. No Brasil, como o uso desses remédios é proibido em animais, grupos ligados à causa têm recorrido à justiça para garantir o tratamento, ao invés de sacrificar os cães infectados.
As linhas de pesquisa em busca de soluções preventivas vêm sendo desenvolvidas desde 2010, em laboratórios de pesquisa situados nos Departamentos de Patologia Clínica e de Bioquímica e Imunologia da UFMG, e junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical, da Faculdade de Medicina da mesma Universidade.
A equipe foi composta por doutores da instituição, com a coordenação dos professores Eduardo Antonio Ferraz Coelho e Carlos Alberto Pereira Tavares, bem como por alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado), de graduação (iniciação científica) e voluntários. O apoio financeiro foi garantido por órgãos como o INCT-NanioBiofar, CNPq, FAPEMIG e PRPq/UFMG.
A comunidade científica e milhões de brasileiros, donos de cães, esperam ansiosos pelo desdobramento desse trabalho, cujo prêmio foi entregue durante o 51º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop 2015), realizado entre os dias 14 e 17 de junho, em Fortaleza, no Ceará.
FONTE: http://farejapet.com.br/blog-pet/leishmaniose-estudo
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