Dicas de comportamento para garantir a vida social de seu amigo peludo sem estresse para ele, para os outros e para você.
Não é exagero dizer que cães, gatos e outros bichinhos que dividem a casa conosco são considerados da família. Muitos deles têm vida social intensa. Estão em clubes, restaurantes, shoppings ou soltos em reuniões com amigos. Algumas regras de comportamento são essenciais para garantir a convivência com os amigos de patas. Preparamos um guia para evitar que os animais queridos não se transformem em transtorno para quem está por perto.
1) Na hora de passear na rua ou em um parque:
a. O cão faz suas necessidades na calçada:
Deve-se sempre ter em mãos algum material para recolher os dejetos. Servem tanto folhas de jornal quanto sacolas plásticas biodegradáveis. Caso a caminhada seja longa, o dono pode armazenar as folhas de papel e os saquinhos em uma pochete, ao lado de petiscos para recompensar o animal. É recomendável levar mais de uma sacola, pois odores de outros cães e a movimentação do passeio estimulam mais de uma defecação. Garrafas com água podem ser úteis para diluir a urina em ambientes abertos. Para locais fechados, como shoppings, já há produtos no mercado que transformam a urina em gel sólido, o que facilita a remoção da substância. Uma alternativa mais econômica é o velho papel toalha.
b. O cão corre demais e arrasta seu dono:
Animais muito eufóricos precisam aprender a andar com calma, permanecendo sempre próximos de seus donos. O cão, por natureza, aceita dois tipos de relação com o dono: ou é dominador ou é dominado. É importante que o dono estabeleça quem é o “chefe da matilha” desde o inicio do relacionamento. Com firmeza, mas sem agressividade, o dono não deve permitir que o cão o puxe ou o desobedeça.
A guia não pode estar muito alongada e nem muito tensa. As famosas guias retráteis, aquela que liberamos e recolhemos pressionando um botão, não são as melhores para treinar o passeio. O espaço externo está repleto de aromas, ruídos e imagens que deslumbram o cão e fazem com que o dono seja colocado em segundo plano. Por isso, petiscos e brinquedos para atrair a atenção e recompensar o cão são úteis. Ao menor sinal de atenção do cão, devemos premiá-lo.
Com o tempo, ele será condicionado. É preciso paciência e nada de enforcadores ou broncas. Pausas durante o passeio também são uma boa técnica. Assim, o cão consegue farejar à vontade e interagir com pessoas e outros cachorros. Se o animal persistir com a euforia, é recomendável procurar um adestrador.
c. O cão late demais enquanto passeia:
Os latidos expressam agitação e euforia pelo momento mais esperado do dia no caso de animais que ficam muito tempo em casa. No entanto, também podem ser uma manifestação de dominância. É como se o cão dissesse para toda a vizinhança que o verdadeiro dono da região está chegando.
Com paciência e firmeza, deve-se repreender esse comportamento. O animal é reprimido pela firmeza do tom de voz e pela tensão que o dono imprime na guia. Não se pode afagar ou pegar no colo um animal que late demais. Se fizermos isso, ele entenderá que o dono aprova sua atitude e repetirá o mau comportamento. Apenas ao parar de latir, o cão deverá ser afagado.
A excitação do animal durante o passeio aumenta se puxamos demais a guia. Ao longo do passeio, é interessante programar paradas. Durante elas, o dono deve liberar um pouco mais a guia para dar ao cão a sensação de liberdade.
A colocação da guia e o uso de comandos devem começar já dentro de casa. Assim, é possível acalmar o cão e mantê-lo sob controle. Por vezes, é melhor passear mais vezes durante o dia, em caminhadas mais curtas e tranquilas, do que passear uma só vez com o cão muito agitado.
d. O cão “estaciona” na rua:
Alguns cães fazem isso por cansaço, outros por medo ou desconforto com o equipamento usado. É preciso garantir que o passeio seja prazeroso tanto para donos quanto para cães. Cada cão é um individuo dotado de preferências e necessidades. Alguns preferem passeios curtos; outros mais longos. Alguns adoram encontrar-se com outros cães; outros, não.
Quando a razão for o cansaço, ofereça água, leve o animal para a sombra e observe sua respiração. Se estiver muito ofegante, procure um veterinário o mais rápido possível. Cães têm muita dificuldade para trocar calor. Quando estão muito próximos do chão, estão mais vulneráveis à hipertermia, que pode causar convulsões, desmaios, falta de ar e, em casos extremos, morte.
Importante evitar passeios em horários mais quentes do dia. O ideal é iniciar com caminhadas leves aumentar aos poucos o trajeto. Isso evita a sobrecarga do animal. O dono deve sempre levar água para hidratar o cão a cada 20 minutos.
e. O cão pula em cima de outros pedestres:
Ao pular sobre outras pessoas, cães estão festejando e, na maioria das vezes, não têm intenções negativas. No entanto, isso pode gerar constrangimentos, assustando ou mesmo machucando alguém. Assim que perceber que o cão vai pular, o dono deve segurar firme a guia, mantendo-a em altura baixa. Isso evita que o animal suba do chão. Logo em seguida, o dono deve dizer um comando firme, como “Não!”. O tom de voz firme é essencial, mas não deve vir acompanhado de irritação ou agressividade. Violência não deve ser usada.
f. O cão avança contra outros cães:
Em algumas circunstâncias, avançar pode significar agressividade. Mas também há a possibilidade de ser uma mera demonstração de excitação. Em todo caso, o animal jamais deve ser punido. A punição não resolve a situação e pode agravá-la. O animal se estressa, torna-se mais agitado, medroso e apreensivo. Para prevenir o problema, a recomendação é fazer o animal andar com tranquilidade, sempre ao lado do dono. Se outros cães não forem amigáveis, convém afastar o animal para que evitar provocações. Mude de direção quando avistar um cão violento.
g. O cão cheira tudo que há no piso da rua:
O dono não pode permitir que o cão cheire tudo. Ao entrar em contato com alguns canteiros, postes ou mesmo árvores, o cão pode entrar em contato com agentes infecciosos ou se intoxicar com produtos químicos, como adubos e venenos. Se o cão só faz suas necessidades na rua, o dono deve ter atenção redobrada.
Embora seja importante pausar os passeios, essa interrupção tem de ser dosada. Pausas em excesso quebram o ritmo de passeio do animal. O exercício físico apenas ajuda a prevenir doenças quando é contínuo. Para obter aos máximos estes benefícios, a prática deve ser ritmada e ininterrupta por, no mínimo, 20 minutos.
h. O cão não passeia de coleira:
O cão só pode passear com coleira. Sem o uso da guia, não há como ter controle sobre a segurança do animal. Em praças cercadas e outros locais fechados, o cão até pode ser solto para brincar e correr. Ainda assim, é necessário cautela e certeza absoluta de que não há possibilidade de fuga e de ataques a outros cães e pessoas. Enforcadores e coleiras com pontas ou ganchos não devem ser usados.
3) Recebendo visitas:
a. O cão pula sobre as visitas ou o gato começa a roçar pelas pernas:
Alguns cães se sentem ameaçados pela visita. Nada é mais importante para um cão ou gato que seu território e seu dono. O dono deve transformar a visita em algo prazeroso para o animal.
Com a chegada da visita, o cão estará de preferência preso a uma guia ou sobre o colo do dono. Não se pode permitir que as visitas interajam com o animal antes de entrarem, se cumprimentarem e se acomodarem. Se a interação ocorrer antes do momento adequado, as visitas estarão reforçando um comportamento negativo no animal. Uma vez excitado, o cão poderá até mesmo urinar.
Caso a visita não goste de cães, é preferível que ele seja colocado em outro recinto. É importante reservar o cão antes de a visita chegar. O dono pode oferecer brinquedos e petiscos recheados. Durante a visita, reserve alguns momentos para ver se o animal passa bem e ofereça novos petiscos.
Gatos costumam ser mais reservados. Se esse não for o caso, a melhor opção é separar o animal, certificando-se de que ele tenha acesso a água, comida, caixinha de areia e área para descanso. O dono também pode oferecer petiscos aos gatos.
b. O cão faz suas necessidades no meio da sala durante a visita:
Isso costuma ocorrer quando o animal se excita diante da chegada da visita. Cães amistosos farão muita folia com as visitas. Por isso, tomarão mais água e comerão mais petiscos, o que os estimulará a fazer suas necessidades. Convém estimular seus cães a fazerem suas necessidades com antecedência. Para prevenir qualquer constrangimento, é importante lembrar-se de conduzir o cão ao banheiro algumas vezes durante a visita.
Os donos de gatos quase nunca se deparam com esse tipo de problema. A não ser que o cômodo onde está a caixinha de areia esteja fechado. Importante se certificar, durante a visita, que o gato tem acesso à caixinha.
c. O cão ou o gato ataca a visita:
Cães e gatos jamais devem ser punidos. Se o animal não é amigável, o dono deve respeitar seus limites e treiná-lo para interagir com pessoas. Se o dono não encontrar meios para contornar a agressividade do animal, o cão ou o gato deverá ser separado antes de a visita chegar, disponibilizando água, comida, petiscos e brinquedos.
4) Viajando no carro:
a. O cão fica debruçado na janela do carro:
Transportar animais soltos dentro de um automóvel constitui infração do Código Brasileiro de Trânsito. Além de ser ilegal, trata-se de prática perigosa para o animal, para seus donos e para outros motoristas. Cães transportados com frequência sobre as janelas de carros têm predisposição a otites e irritações nos olhos.
O transporte deve ser feito em caixas de transporte ou com cintos de segurança para cães. A caixa de transporte deve permanecer sempre disponível na casa do animal, para que, tanto o cão quanto o gato, não o vejam apenas como objeto de transporte.
É possível simular o transporte em casa, deixando o animal fechado na caixa por períodos curtos e oferecendo brinquedos e petiscos. Já há no mercado sprays com feromônios sintéticos. Essas substâncias ajudam a acalmar os animais.
b. O cão (ou gato) fez suas necessidades dentro do carro em movimento:
O cão ou gato que faz suas necessidades dentro de um carro pode estar apreensivo ou mesmo em pânico. Daí a necessidade de o animal estar familiarizado com a caixa de transporte ou mesmo com os movimentos típicos de um automóvel.
Se a viagem for longa, é recomendável fazer paradas para levar o cão para passear. Assim, pode-se estimulá-lo a fazer suas necessidades. No caso de gatos, importante levar consigo a caixinha de areia. Alguns gatos, durante as paradas em viagens longas, podem ser retirados da caixa de transporte e estimulados a usar a caixinha no piso do carro. Jamais devemos tirar o gato do carro sem que esteja dentro da caixa de transporte.
c. O gato vai acompanhar a família na viagem:
Calmantes fitoterápicos podem ser usados para reduzir o estresse do gato durante a viagem. Pequenos passeios antes da viagem ajudam na adaptação. Fora da caixa, o animal pode distrair o dono, ir para baixo do banco e atrapalhar o uso correto dos pedais. Em casos mais drásticos, o gato pode ser arremessado para fora do automóvel durante uma freada brusca. É muito importante manter o carro ventilado e em temperatura agradável. Isso previne a hipertermia.
5) Na estadia em um hotel:
Enquanto passa férias com seu animal em um hotel, o dono deve supervisioná-lo e garantir que as regras do estabelecimento sejam respeitadas. O limite do bom senso, nesse caso, é o incômodo que o animal pode causar aos demais hóspedes.
É fundamental que o cão seja mantido na guia em áreas comuns. Também se deve evitar que o animal faça barulho e que suje as dependências do hotel. Daí a importância de um adestramento prévio, feito dentro de casa.
Se houver mais pessoas dentro de um elevador, é recomendável não entrar com o animal, a não ser que os demais passageiros o convidem a entrar. Neste caso, também é interessante que o cão saiba sentar-se e aguardar. Isso evita estresse no transporte e economiza o espaço já restrito de um elevador.
6) Em bares ou restaurantes:
O limite é o bem estar das outras pessoas. Em um ambiente no qual outras pessoas estão se alimentando, é importante que o cão saiba se deitar e relaxar. Isso evita que o animal pule na cadeira ou mesmo na mesa para implorar por comida.
Nessas circunstâncias, é importante ter em mãos um bom petisco canino. Ossinhos para roer, por exemplo. Isso distrai o animal enquanto o dono se alimenta. O treinamento do “deitar e relaxar” deve ser feito antes da saída e em casa.
Fonte: Época